
A mucosa intestinal é formada por um conjunto de diferentes tipos celulares, junções celulares e proteínas, que controlam a passagem de diferentes substâncias, o que chamamos de permeabilidade seletiva. Em situações não desejáveis, desencadeadas por diferentes estímulos exógenos e endógenos, ocorre o aumento da permeabilidade dessa mucosa, admitindo que moléculas maiores, toxinas e microrganismos patógenos ultrapassem a barreira intestinal e cheguem à circulação – caracterizando o quadro de hiperpermeabilidade intestinal. Esse processo traz prejuízos à saúde sistêmica e deve ser tratado o mais breve possível, visando minimizar os danos ao organismo.
A hiperpermeabilidade intestinal, também chamada de Leaky gut, pode ocorrer devido a alterações do muco que protege o epitélio intestinal, ou ainda por alterações nas estruturas responsáveis pela adesão entre as células (tight junctions). O uso constante de medicamentos, infecções gastrointestinais, disbiose, consumo excessivo de bebida alcoólica, processos inflamatórios e dieta inadequada são fatores que podem aumentar a permeabilidade intestinal.
Após alcançarem a circulação, as diversas substâncias (incluindo LPS e toxinas) podem ativar a cascata de inflamação em diferentes órgãos, como tecido adiposo, tecido muscular, fígado, tireoide e sistema nervoso central. As toxinas absorvidas em função desse aumento da permeabilidade intestinal, alcançam o fígado para serem neutralizadas e excretadas por meio do processo de destoxificação hepática. A principal consequência desse processo é o aumento na produção de radicais livres que pode gerar um quadro de estresse oxidativo hepático, comprometendo a funcionalidade dos hepatócitos.
O quadro de endotoxemia gerado pelas substâncias que invadem a circulação aumenta o risco de resistência à insulina, diabetes tipo 2 e obesidade, além de outras patologias com caráter inflamatório. É preciso tratar o intestino para reduzir a inflamação sistêmica e minimizar o risco de complicações. Para tanto, torna-se necessário: remover o que está agredindo a mucosa intestinal (alérgenos, patógenos, etc); repor enzimas digestivas e outras substâncias necessárias para permitir a digestão adequada; recolocar probióticos e prebióticos para equilibrar a microbiota; e reparar a mucosa, oferecendo os nutrientes necessários. Pode também ser necessário o tratamento dos sintomas referentes às alterações do trato digestório, tais como cólica ou dor abdominal.
FAINTUCH, J. Microbioma, disbiose, probióticos e bacterioterapia. Barueri, SP: Manole, 2017.
LEECH, B.; et. al. Risk factors associated with intestinal permeability in an adult population: A systematic review. Int J Clin Pract. 2019 Oct;73(10):e13385.
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