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A microbiota pode afetar o desempenho esportivo?

Foto do escritor: EquipeEquipe

Ao que parece, sim! O que os estudos vêm demonstrando é que o microbioma tem um papel indireto, mas fundamental no desempenho esportivo, devido à sua atuação na modulação de estresse oxidativo, cascatas inflamatórias e processos anabólicos/catabólicos, além de participar na regulação da disponibilidade de nutrientes e produzir metabólitos que tem efeito sistêmico, inclusive na musculatura esquelética. A estreita relação entre os microrganismos intestinais e o sistema imune também é um possível mecanismo, indireto, através do qual a microbiota pode influenciar a performance.


Quanto maior a susceptibilidade individual a doenças, menor será a capacidade de treino e aperfeiçoamento na modalidade de escolha. Já sabemos que os microrganismos que habitam o intestino, assim como a barreira intestinal que sustentam (ou não), é um ponto de grande interface com o sistema imune do hospedeiro. Em uma condição de disbiose há a tendência de perda da função de barreira, gerando maior reatividade e desregulação da resposta imunológica, o que, por sua vez, aumenta a susceptibilidade a infecções, reduzindo a capacidade de aderência ao treino. Logo, uma microbiota saudável pode ser considerada uma das bases para a constância no exercício.


À medida que aumenta a disponibilidade de certos aminoácidos, a microbiota também possibilita maiores níveis de efeito anabólico mediado por IGF-1, resultando em maior síntese proteica no músculo. A construção de proteínas musculares, em condições adequadas, permite adaptações como hipertrofia e ganho de força, melhorando a performance.


Modulação de estresse oxidativo e de cascatas inflamatórias, assim como a biossíntese de vitaminas do complexo B, funções exercidas por espécies microbianas intestinais, são processos primordiais para uma produção de energia mais eficiente e para garantir funcionalidade muscular adequada. Além disso, adaptações ao exercício, necessárias para um bom desempenho na atividade física, ficam limitadas em um ambiente de inflamação crônica.


O músculo está sob constante processo de síntese e degradação, e a prevalência dos processos de construção sobre os processos de quebra, é essencial para manter e ganhar massa muscular. O anabolismo depende de uma boa sinalização de insulina, estímulos anabólicos e síntese proteica, que ficam prejudicados em condições inflamatórias. Soma-se a isso o fato de que a ativação do NF-kB e fosforilação de proteínas FOXO, estimuladas por citocinas pró-inflamatórias, estão associadas à maior transcrição de proteínas envolvidas no processo de degradação proteica e em um ambiente inflamatório a predominância dessas vias pode resultar em consequente perda de massa muscular. Nesse sentido, a prevalência de espécies anti-inflamatórias como as dos gêneros Bacteroides, Faecalibacterium, Collinsella e Roseburia e a integridade da barreira intestinal são essenciais para uma boa performance.


A capacidade da microbiota de metabolizar certas substâncias de maneiras diferenciadas em relação à metabolização por enzimas humanas também pode atuar de maneira benéfica sobre o desempenho esportivo. Um exemplo disso é a biotransformação realizada por espécies microbianas de polifenóis, como o resveratrol e elagitaninos. Daí resultam substâncias que, quando no ambiente muscular, auxiliam na neutralização do estresse oxidativo, aumentando a resistência ao exercício e propiciando maiores níveis de biogênese mitocondrial.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ticinesi, A., Lauretani, F., Tana, C., Nouvenne, A., Ridolo, E. & Meschi, T. (2019). Exercise and immune system as modulators of intestinal microbiome: implications for the gut - muscle axis hypothesis. Exerc Immunol Rev., 25, 84-95.


Mitchell, C.M., Davy, B.M., Hulver, M.W., Neilson, A.P., Bennett, B.J., Davy, K.P. (2018). Does Exercise Alter Gut Microbial Composition? —A Systematic Review: Medicine & Science in Sports & Exercise 1. https://doi.org/10.1249/MSS.0000000000001760


Przewłócka, K., Folwarski, M., Kaźmierczak-Siedlecka, K., Skonieczna-Żydecka, K., & Kaczor, J. J. (2020). Gut-Muscle Axis Exists and May Affect Skeletal Muscle Adaptation to Training. Nutrients, 12(5), 1451. doi:10.3390/nu12051451


Jäger, R., Mohr, A. E., Carpenter, K. C., Kerksick, C. M., Purpura, M., Moussa, A., … Antonio, J. (2019). International Society of Sports Nutrition Position Stand: Probiotics. Journal of the International Society of Sports Nutrition, 16(1). doi:10.1186/s12970-019-0329-0

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